Injetáveis: procedimentos com naturalidade

Além da sala de cirurgia

Pré – Intra – Pós operatório

Pré – intra – pós operatório de cirurgias plásticas estéticas e reparadoras: vai além da drenagem linfática!

A cirurgia plástica, seja ela estética ou reparadora, representa um marco importante na vida de muitas pessoas. No entanto, o sucesso de um procedimento vai muito além do ato cirúrgico em si. A Dermatofuncional – Fisioterapia, com suas técnicas específicas e abordagem holística, desempenha um papel fundamental em todas as fases do processo, desde a preparação pré-operatória até a reabilitação pós-operatória.

Exploraremos em detalhes as técnicas da Dermatofuncional – Fisioterapia aplicadas em cada etapa da cirurgia plástica, evidenciando a importância de cada uma delas para a obtenção de resultados satisfatórios e a otimização da recuperação do paciente.

O profissional com atuação e experiência em cirurgias plásticas e reparadoras exerce, em parceria com o cirurgião plástico e equipe interdisciplinar, papel fundamental desde o planejamento pré-cirúrgico até o tratamento do paciente pós-submetido a uma cirurgia plástica.

A importância da Dermatofuncional – Fisioterapia nas diferentes etapas da jornada do paciente fica demonstrada pela restauração funcional e, por consequência, restauração estética do paciente, sintetizada na recuperação mais rápida e adequada.

Pré-operatório

Essa etapa é fundamental para determinar todas as demais fases do procedimento e garantir um resultado mais eficaz.

Além de orientar o paciente sobre o uso de placas, cintas e espumas no pós-operatório, a consulta pré-operatória permite ao profissional identificar possíveis alterações que possam dificultar o ato cirúrgico. Por exemplo, limitações de movimento da mandíbula ou da cervical podem tornar a intubação mais complexa e dificultar o posicionamento da cabeça durante procedimentos faciais.

Essa avaliação especializada oferece diversas vantagens, como maior facilidade para o cirurgião durante a cirurgia e um pós-operatório mais confortável para o paciente.

Planejamento

A consulta pré-operatória inclui ampla análise da saúde geral do paciente, associada ao exame físico e ao histórico médico detalhado. Problemas observados em cirurgias anteriores também são dados fundamentais a serem considerados pelos profissionais que irão realizar a avaliação pré-operatória.

Dados importantes a serem divididos com seu profissional de saúde antes da cirurgia plástica:

  • abagismo (atual e acumulativo).
  • Discussão dos riscos de sobrepeso e obesidade, principalmente quando apresentar um IMC (Índice de massa corporal) acima de 30 kg/m²
  • História prévia de TVP (trombose venosa profunda) e fatores de riscos.

Na consulta é importante discutir com o profissional de saúde e tirar suas dúvidas de assuntos como: dietas, função intestinal, nível de atividade e regularidade de exercícios, medicamentos, histórico de tendências hemorrágicas e histórico de doenças cardiopulmonares.

A eficiência de uma cirurgia plástica não depende, porém, somente do planejamento estritamente cirúrgico. Os cuidados pré e pós-operatórios oferecidos pela Dermatofuncional são fatores preventivos de complicações e promoção de um resultado estético satisfatório.

Os recursos terapêuticos dos quais dispõe o profissional na preparação do tecido para a intervenção cirúrgica irão acelerar a recuperação pós-operatória, além de prevenir e controlar algumas complicações comuns.

O que a Dermatofuncional – Fisioterapia faz no pré-operatório?

No pré-operatório os profissionais poderão avaliar possíveis alterações físicas, motoras e sensitivas já existentes nos pacientes, oferecendo tratamento e orientações adequadas para prevenir complicações pós-operatórias, principalmente àqueles com fatores de risco.

A Respiratória – Fisioterapia pode ser de grande valia neste momento, pois algumas cirurgias plásticas levam a um aumento da pressão intra-abdominal (PIA) mesmo em pacientes sem prévias complicações.

Por exemplo, após a abdominoplastia, que o diafragma necessita de uma força maior que o normal durante a inspiração devido a uma redução na complacência da parede abdominal (ou seja, o quanto de expansão o abdômen realiza) e a um aumento acentuado na contração diafragmática (músculo fundamental na respiração). No pós-operatório tardio, a correção da diástase dos retos abdominais e a redução da gordura abdominal podem auxiliar na melhora da função pulmonar, mas o mesmo não ocorre no pós-operatório imediato.

A espirometria é um exame realizado pelo aparelho chamado espirômetro. É uma prova de função pulmonar de simples execução, mas com grande importância na prática clínica. Este exame mensura os volumes estáticos e dinâmicos e as capacidades pulmonares.

Na pesquisa de Rodrigues et al (2018), o programa realizado uma semana antes da abdominoplastia, com um conjunto de exercícios respiratórios supervisionados por um Fisioterapeuta três vezes por semana e com orientações para a realização dos exercícios em casa diariamente, demonstraram nestes pacientes uma PIA mais baixa no início da cirurgia e em todos os outros momentos, quando em comparação com o grupo controle (de não intervenção). A conclusão desta pesquisa é que não houve impacto nos parâmetros da espirometria, mas pode ter reduzido os níveis de PIA medidos no intraoperatório.

Os cuidados pré-operatórios não são uma realidade para a maioria dos pacientes. Normalmente são focados apenas no pós-operatório. A literatura também demonstrou que a maioria dos pacientes não realizou procedimentos pré-operatórios e aqueles que os fizeram relataram tê-los feito com seus médicos.

Intraoperatório

A atuação da Dermatofuncional – Fisioterapia no intra-operatório ainda é recente. O estudo de Santos, et al (2020) demonstrou que 92,7% dos pacientes não sabiam responder ou afirmaram não ter fisioterapeuta no centro cirúrgico. A associação dos cuidados pré, intra e pós-operatório reduz o edema (inchaço), a formação de equimoses (roxos) e de fibroses (áreas “endurecidas” por excesso de tecido cicatricial) no pós-operatório.

Os cuidados, quando iniciados precocemente, diminui inclusive o número de sessões fisioterapêuticas e aceleram a recuperação do paciente. Este mesmo estudo apontou que uma parte da população pesquisada respondeu que os procedimentos realizados pelo fisioterapeuta foram importantes para a recuperação pós-operatória.

Pós-operatório

A ausência de encaminhamento ou encaminhamento tardio ao pós-operatório pode retardar a recuperação do paciente e até comprometer o resultado da cirurgia plástica.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomenda que o pós-operatório, seja realizado pela Dermatofuncional – Fisioterapia.

O processo cicatricial se divide em fases, independente do tipo de trauma, técnicas cirúrgicas, particularidades e características individuais de cada organismo. As principais etapas são: fase inflamatória, fase proliferativa e fase de remodelamento.

A fase inflamatória é uma reação ao trauma e uma tentativa de recuperar a capacidade do organismo de manter seu meio interno em estabilidade, mecanismo a que chamamos homeostase. Começa com o extravasamento sanguíneo, seguido de uma agregação plaquetária e geração de uma matriz de fibrina, que vai, por exemplo, buscar impedir a contaminação da área ofendida. Acontece logo após o término da cirurgia e compreende as 48 e 72 horas iniciais.

A fase proliferativa é responsável pelo fechamento da lesão e compreende três subfases. Tem início por volta do terceiro ou quarto dia e se prolonga pelo período de duas a quatro semanas.

A fase de remodelamento é caracterizada pela tentativa de regeneração tecidual normal, quando o tecido se enriquece com mais fibras colágenas e adquire características de cicatriz. Esta é a última das fases e pode durar meses.

Este é um resumo didático, mas não necessariamente estas fases ocorrem sequencialmente e pelo tempo exato apontado na literatura. Elas podem se sobrepor e apresentar fases diferentes em um mesmo corpo, como, por exemplo, fase inflamatória no abdômen e proliferativa em flancos. Cada uma traz repercussões e características específicas para os tecidos.

A atuação do profissional no pós-operatório deve respeitar as características clínicas de cada fase e o próprio trauma cirúrgico para realizar as intervenções necessárias.

Ou seja, cabe ao profissional analisar em que fase o paciente se encontra e decidir as condutas adequadas a cada indivíduo e as orientações para serem realizadas em casa, como por exemplo os cuidados com a postura nas primeiras semanas para não ocorrer o estiramento da cicatriz, por meio de orientações para que os pacientes deitem em decúbito dorsal, ou seja de barriga para cima, com travesseiros embaixo das pernas e as costas levemente elevadas para proteger a cicatriz, sem deixar de favorecer o conforto do paciente.

É importante explicar para o paciente que repouso é diferente de imobilidade (ausência de movimento). O movimento é terapêutico, inclusive para a circulação, mas neste primeiro momento o paciente deve respeitar seus próprios limites.

Por exemplo, pode curvar um pouco as costas ao andar, projetando seu peso nos músculos da coxa para não sobrecarregar a coluna, evitando que o corpo ereto estire a cicatriz ou gere sensação de “repuxar”. A volta à postura ereta ocorre gradativamente com o suporte do profissional de saúde, cirurgião e fisioterapeuta, que estarão avaliando constantemente o paciente e seus relatos.

O que é Drenagem Linfática Manual?

O objetivo da drenagem linfática é reduzir o edema por meio de manobras precisas, leves, lentas, rítmicas, obedecendo ao trajeto do sistema linfático superficial. Suas manobras são realizadas sem fricção ou deslizamento e sem gerar dor ou vermelhidão. No pós-operatório de cirurgias plásticas, a drenagem melhora a reabsorção de edemas pelos canais linfáticos e venosos, favorecendo o reparo tecidual.

Nos tratamentos convencionais, a direção da drenagem linfática manual segue orientação específica. No pós-operatório, o profissional precisa respeitar as particularidades e o comportamento da via linfática, pois, segundo Balsalobre et al (2021), após a abdominoplastia, por exemplo, a via linfática da parede abdominal não é a mesma em todos os pacientes.

Pós-operatório não é só drenagem linfática

A drenagem linfática é excelente, mas não é o único recurso e nem a única intervenção de que o paciente recém-operado precisa, sua principal função é a redução do edema e, mesmo com todo o bem-estar proporcionado, o paciente de pós-operatório de cirurgia plástica precisa de muitos outros cuidados em todas as etapas de sua jornada (pré-operatório, intra-operatório e pós-operatório), sempre respeitando-se a fase em que ele se encontra e ainda conduzindo o processo sem interferências não necessárias.

O profissional está preparado para conduzir as intercorrências, eventos previstos ou não, mais comuns em um pós operatório, como dor, equimose (roxos na pele), edema (inchaço), assim como identificar as complicações (eventos mais graves que uma intercorrência), intervir no que for preciso e reportar prontamente ao cirurgião plástico.

A presença do profissional qualificado permitirá, por exemplo, a distinção entre um hematoma e uma equimose. A equimose, coloração roxa da pele, é comum no pós-operatório e consiste no extravasamento de sangue no espaço subcutâneo (abaixo da pele). Já o hematoma se traduz pelo acúmulo de sangue advindo do vaso sanguíneo e alojado entre os tecidos. Esta, sim, é uma ocorrência que pode inclusive precisar de reintervenção cirúrgica.

Outras complicações são possíveis, tais como seroma, deiscência (abertura de pontos cirúrgicos ou da cicatriz ao longo da incisão), formação de fibrose (excesso de tecido cicatricial), aderências teciduais e cicatriciais, alteração da sensibilidade superficial, assimetrias corporais, contratura em enxertos livres, necrose (morte das células e tecidos) e infecção.

A Dermatofuncional – Fisioterapia atua junto com a equipe interdisciplinar para prevenir e/ou tratar as complicações, sejam elas precoces ou tardias, proporcionando ao paciente bem-estar e qualidade de vida.

Modalidades terapêuticas

A Dermatofuncional – Fisioterapia abrange diversas modalidades terapêuticas e intervenções físicas, dentre elas cinesioterapia, hidroterapia, relaxamento, massoterapia, acupuntura, eletrotermofototerapia (com recursos de correntes elétricas), termoterapia (emprego da temperatura para obter efeito terapêutico) e a fotobiomodulação (com uso da luz para finalidade terapêutica).

Para os cuidados pós-operatórios vamos destacar a fotobiomodulação, a cinesioterapia e ainda a terapia mecanomoduladora.