Efeitos a longo prazo da toxina botulínica tipo A (Botox) nas linhas faciais: uma comparação em gêmeos idênticos
Long-Term Effects of Botulinum Toxin Type A (Botox) on Facial Lines: A Comparison in Identical Twins
É amplamente reconhecido que uma única aplicação de toxina botulínica em um músculo-alvo pode inibir a capacidade de um paciente de contrair essa musculatura por um período de vários meses, atenuando, assim, a visibilidade das linhas faciais que se manifestariam durante a contração muscular ativa.
Os resultados aqui apresentados sugerem que o tratamento a longo prazo pode, adicionalmente, proporcionar benefícios e prevenir a formação de linhas permanentes – as denominadas linhas estáticas –, as quais se desenvolvem progressivamente ao longo do tempo como parte do processo natural de envelhecimento, em decorrência da ruptura do tecido dérmico e epidérmico causada por contrações musculares repetidas.




A comparação entre gêmeos idênticos (um dos quais recebeu aplicações regulares de toxina botulínica na testa e na região glabelar por 13 anos, enquanto o outro não) demonstra que o tratamento prolongado com toxina botulínica pode impedir o desenvolvimento dessas linhas faciais estáticas.
Uma vez estabelecidas, essas linhas podem ser corrigidas unicamente por meio de outras modalidades terapêuticas, como preenchedores ou técnicas de resurfacing cutâneo. Considerando que o tratamento com toxina botulínica a longo prazo parece capaz de retardar significativamente, senão interromper, esse aspecto do processo de envelhecimento, infere-se que também pode postergar, ou mesmo evitar, a necessidade de tais intervenções.
É provável que o tratamento prolongado com toxina botulínica possa prevenir o desenvolvimento de linhas estáticas não apenas pela inibição da capacidade de contração do músculo-alvo pelo paciente, mas também, possivelmente, por meio de modificação comportamental. Com o tratamento contínuo, o paciente pode habituar-se à reduzida ou inexistente necessidade ou capacidade de contrair o músculo-alvo e, eventualmente, “aprender” a evitar até mesmo a tentativa de contração. Adicionalmente, postula-se que, ao aliviar a pressão mecânica da contração muscular crônica dessa maneira, a remodelação dérmica pode ser facilitada.
No gêmeo submetido a tratamento regular, o efeito clínico da toxina botulínica foi consistentemente mantido por, no mínimo, 6 meses após cada aplicação, e a duração do efeito não apresentou diminuição com tratamentos repetidos. A dosagem também se manteve estável ao longo dos 13 anos de tratamento. A literatura relata que, em comparação com um tratamento isolado, aplicações repetidas podem aumentar as taxas de resposta, prolongar a duração da ação e reduzir a incidência de eventos adversos. Caso se alcance uma eficácia maior ou mais prolongada com o tratamento contínuo, isso pode oferecer a oportunidade de tratar os pacientes com menor frequência ou com doses reduzidas.
Em conclusão, o tratamento a longo prazo com toxina botulínica pode prevenir o desenvolvimento de linhas faciais estáticas visíveis em repouso. O tratamento com toxina botulínica também pode atenuar a aparência dos “pés de galinha”. O tratamento demonstrou ser bem tolerado, sem relatos de eventos adversos durante os 13 anos de tratamento regular neste estudo.
Artigo na íntegra – acesso livre
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